A História da Tecmedia

Minhas experiências profissionais antes da Tecmedia - EP. #001

Eder Cachoeira
Escrito por Eder Cachoeira em 2 de janeiro de 2019

Acredito que a vida é o resultado das escolhas que fazemos, mas que boa parte do que somos é reflexo da educação que recebemos, ou melhor, todas as nossas escolhas são reflexos da educação que recebemos. Quando falo em educação me refiro à influência de pessoas e a nossa própria curiosidade, não apenas ao ensino formal na escola.

Algumas lições que recebemos na própria família e pessoas próximas ajudam a definir quem seremos e o que faremos no futuro. Exemplo disso é o que considero meu primeiro trabalho: Entregador de marmita. Foi o primeiro dinheiro ganho aos 11 anos, e por isso considero um trabalho.

Entregador de marmitas

Nunca tive uma mesada formal, mas meu pai valorizava o empenho de realizar atividades e ter responsabilidades. Ele trabalhava na ferrovia e eu levava a marmita com seu almoço todos os dias, do Bairro São João até a Estrada de Ferro Dona Thereza Christina – EFDTC. Era um trajeto de mais ou menos 3,5 km, percorridos de bicicleta, portanto, 7 km contando ida e volta, cinco dias por semana. Esta foi uma lição extremamente valiosa, de que esforço e dedicação geram recompensa.


A primeira empresa

Por volta dos doze anos frequentei o Curso de Reparador de Eletrodomésticos na Liga Brasileira de Assistência (LBA), que ficava no mesmo bairro onde eu costumava levar a marmita para meu pai. Logo comecei a consertar eletrodomésticos de parentes e, mais ou menos com treze anos, fundei minha primeira empresa. Foi com o amigo que fiz logo que cheguei em Tubarão – o Edmar.

Colocamos uma placa na calçada, sem qualquer tipo de formalidade.

Estávamos confiantes que o negócio seria um sucesso, pois já tínhamos uma demanda considerável desse tipo de serviço entre os nossos familiares, mas o único serviço que recebemos foi um espremedor de frutas com a bobina queimada que, curiosamente, não sabíamos como resolver.

A mãe do Edmar, que havia trabalhado em uma empresa de rebobinagem de motores, explicou como rebobinar e, assim, consertamos o aparelho e devolvemos ao dono. Nem lembro quanto cobramos, mas a frustração com a dificuldade e o fato de percebermos que a demanda real não era o que esperávamos fez com que resolvêssemos fechar. Não era formalizada: era uma portinha, como se falava na época.


Ajudante de funilaria

Algum tempo depois, comecei a trabalhar como ajudante de funilaria e pintura com dois amigos – o Edmar e o irmão dele. Foram apenas alguns meses de trabalho, que serviram para que eu percebesse que lixar peças e escovar soldas não era o meu caminho. :-/


Curso de eletricista

Nesta época eu já estava frequentando o Curso de Eletricista Geral no SENAI. Como havia feito o curso de reparador de eletrodomésticos e também um outro curso, por correspondência, de eletrônica, logo me interessei pela parte elétrica. E assim foi, cada um passou uma semana em cada curso e, no final, os instrutores escolhiam os alunos que mais se identificaram em cada área. Para minha sorte e satisfação, fiquei no curso de elétrica. Foram dois anos de aprendizado intenso e muitas amizades, e também já executava alguns trabalhos de eletricista para amigos e parentes.


Primeiro estágio de elétrica

Logo que finalizei o curso no Senai, fiz meu primeiro estágio. Foi na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) como auxiliar de eletricista de manutenção. Nesta época estava com 16 anos e o estágio durou aproximadamente 5 meses, sendo interrompido com a venda da Companhia, pois a nova administração não mantinha estagiários.


Algum tempo depois, fui chamado novamente no SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) para uma nova oportunidade de emprego, desta vez na Farmoterápica Dovalle, como Eletricista Industrial.
Quando iniciei nessa função, tinha apenas 17 anos e, teoricamente, não poderia atuar como eletricista por ser menor de idade. Mesmo assim, a empresa me contratou.

Recebi treinamento por cerca de 1 mês, do eletricista que já trabalhava lá e, após este período, assumi a função integralmente, pois o eletricista que me treinou foi desligado do trabalho. A experiência durou aproximadamente 5 meses: como desempenhava minhas funções e ainda realizava outras atividades, fiquei na expectativa de receber mais, o que não aconteceu. Logo, pedi demissão.

Poderia ter ficado mais tempo, pois eu ainda era muito jovem, precisava de experiência e a oportunidade era única. Mas…


Em pouco tempo surgiu a oportunidade de estágio na Lorenzetti Inebrasa, no setor de montagem de equipamentos elétricos. Desta vez, o estágio era pelo CIP (Escola Técnica de Tubarão), e foi minha primeira experiência morando longe da família, com amigos, em uma república.

Era uma proposta de estágio em uma grande empresa, de equipamentos elétricos para média e alta tensão, como para-raios e chaves seccionadoras, por isso, criei grandes expectativas de aprender muita coisa sobre a área. Porém, foi frustrante, pois fui alocado, juntamente com os demais colegas de estágio, em uma linha de produção de para-raios, executando tarefas repetitivas, o que agregou pouco conhecimento prático à formação técnica que tinha cursado.

Mais ou menos 1 mês antes de finalizar o contrato de 6 meses de estágio, eu e alguns colegas pedimos o término do contrato e voltamos para Tubarão.


Logo em seguida consegui um estágio na Estrada de Ferro Dona Thereza Christina – EFDTC, no departamento de ferramentaria. O nome pode dar a impressão de que é um setor que cuida apenas de ferramentas. Na verdade, opera com controle das ferramentas, e também é responsável por toda a manutenção preventiva e corretiva da oficina de locomotivas. Usa-se torno, fresa e plaina para manter as outras máquinas e equipamentos funcionando. Este estágio durou um ano e foi extremamente produtivo e educativo.


Minha próxima experiência profissional foi logo na sequência, quando fui para São Paulo, já com 19 anos, trabalhar como Eletricista. Lá fazíamos instalações em lojas de shoppings centers. Porém, era uma época de pouco trabalho e, por isso, naquele período, além de alguns serviços de manutenção em lojas e apartamentos dos clientes, também trabalhei fazendo manutenção nos equipamentos e materiais que o dono da empresa mantinha guardados em um depósito.

Fiquei cerca de 5 meses. Morei em um anexo na casa de meu tio, dividindo a cama com o outro colega eletricista. Sim, dividíamos uma cama de casal (risos).

Foi um período de trabalho e aprendizado intenso: a demanda do serviço aumentou bastante. Era preciso trabalhar somente à noite, devido às regras dos shoppings centers. Saíamos de casa por volta das 20h00min, e iniciávamos cerca de 22 horas (morávamos na zona leste de São Paulo e a maioria dos shoppings ficava no centro), só voltando para casa em torno de 7 ou 8 da manhã do outro dia, às vezes um pouco mais tarde.

Depois de tomar café – muitas vezes em uma padaria no percurso – dormíamos o restante do dia, geralmente sem sequer levantar para almoçar. Os primeiros 30 dias trabalhando nos shoppings foram sem folga. Embora o trabalho fosse bom e a remuneração compensadora, o temperamento de dono da instaladora era consideravelmente forte e explosivo, e eu julguei melhor voltar para casa para evitar um confronto direto. Outro motivo para voltar foi que havia resolvido entrar em uma faculdade, já que fazia algum tempo que tinha terminado o Curso Técnico em Eletromecânica.


Na época meu pai estava desempregado e a situação financeira da família não estava nada boa, mas mesmo contra a opinião de minha mãe, que gostaria que eu tivesse ficado mais tempo em São Paulo, voltei para Tubarão e ficamos, eu e meu pai, procurando emprego.


Através de outro amigo, o Antônio, vulgo Jacaré, comecei a trabalhar como Torneiro Mecânico na Retífica Tartari, onde era responsável pela retífica de virabrequins. Aprender aquele novo serviço foi legal, mas a atividade, em si, era repetitiva e, por não gostar deste tipo de trabalho, fiquei lá apenas alguns meses.


Antes um pouco de sair da retífica, fiquei sabendo de uma vaga de Eletricista Instalador na Elétrons Materiais Elétricos. Fui até lá e acertei a contratação por um salário aproximadamente 25% melhor do que ganhava como torneiro. O dono da Retífica ainda ofereceu uma equiparação de salário para que eu ficasse, já que a rotatividade de colaboradores na função era grande. Ainda assim, não era apenas o dinheiro: a função não me agradava.

Na Elétrons, trabalhei como responsável pela equipe de instaladores, que era composta de ajudantes e eletricistas, e atuava na instalação de residências e prédios. Foi um período bastante interessante. Fiquei lá mais alguns meses e pedi demissão por divergências em relação ao salário.


Nessa época meu pai já estava trabalhando na obra de construção da nova unidade da usina termelétrica Jorge Lacerda, através da empreiteira Tenenge, na área de mecânica. Sabendo das contratações constantes da empresa, fui tentar uma oportunidade no mesmo lugar.

Fiz um teste para eletricista e, como a especificidade da vaga era para a Eletricista Montador, embora eu tivesse experiência com manutenção elétrica, faltava-me o conhecimento da área de montagem industrial, no que tange à nomenclatura específica dos materiais e peças utilizadas em uma obra como aquela. Consequentemente, fui reprovado. Isto dificultou a minha entrada na empresa.

Alguns meses depois, com a pressão de estar sem emprego, resolvi dar um passo atrás, e me candidatei à vaga de Ajudante de Eletricista. Os ajudantes eram chamados de Orelha seca, indicando a última posição na hierarquia de trabalho.

Eu já tinha iniciado a faculdade de Ciência da Computação, acumulava boas experiências e, ainda assim, estava trabalhando como ajudante, pois era uma época difícil de empregos.

Depois de um tempo, o encarregado da equipe elétrica que eu fazia parte me chamou e fez alguns questionamentos sobre a minha formação e a faculdade que eu estava cursando. O resultado dessa conversa foi a minha transferência para o escritório de projetos da área de instrumentação. Mesmo em um cargo de ajudante, agora eu iria trabalhar com a equipe de projetos.

Era um escritório dentro da própria obra, com seis pessoas desempenhando funções diversas. Eu auxiliava na parte burocrática: continuava como ajudante, só não estava mais no campo.

Com o tempo, passei a participar na elaboração de projetos de instrumentação. Depois de alguns meses, eu já estava participando ativamente da demanda de serviços, junto com os demais integrantes da equipe. Foi aí que passei por uma situação semelhante a que ocorreu na Farmoterápica Dovale: uma das pessoas com quem eu trabalhava ia ser desligada da empresa e eu assumiria a função. Foi um momento tenso.

Vários colegas que reconheciam meu esforço e trabalho empenharam-se junto à diretoria da empresa para que eu conseguisse uma promoção. Um belo dia fui chamado no departamento de RH e promovido para o cargo de Eletricista Força e Controle, que era um cargo acima daquele para o qual prestei o teste na primeira vez.

Uma das maneiras de identificar a hierarquia das funções em uma usina é pela cor do capacete. Com esta promoção, mudei do capacete cinza, de ajudante, para o marrom, de profissional, além de ter uma melhora de quase o dobro no total do salário. A primeira coisa que fiz, depois de sair do departamento de RH, já promovido, foi agradecer às pessoas que se empenharam no meu reconhecimento, e a segunda foi mostrar para meu pai, que trabalhava na mesma empresa, que eu estava promovido.

Ainda no período que estive na Tenenge comprei meu primeiro computador. Foi um consórcio de 10 meses, pago em dólar, organizado por um funcionário da Eletrosul. É importante destacar que a Tenenge foi uma empreiteira de mão de obra que atuou em construção industrial pesada no Brasil nos setores de siderurgia, petróleo e energia elétrica, e a Eletrosul pertence a este último ramo.

Cinco meses depois da promoção, pedi demissão. Na época eu estava no terceiro semestre de Ciência da Computação, gostando bastante do curso, e ia todos os sábados à tarde para o Laboratório da Universidade para aprender a programar com colegas. Além disso, era um período de recessão econômica, e o volume de trabalho na Tenenge estava menor. Assim, chamei meu chefe e informei que tentaria trabalhar em casa, já que tinha um adquirido um computador recentemente.


Depois que saí da Tenenge, um amigo, informou que alguns prestadores de serviços de informática da empresa que ele trabalhava estavam contratando, como era o caso da Litoplan Informática, de Criciúma, que vendia computadores e suprimentos. Meu amigo me indicou para a Litoplan, para trabalhar com venda de computadores. Fiquei apenas algumas semanas, o suficiente para descobrir que não tinha perfil de vendedor. :-/


Comentei com o mesmo amigo que aquele trabalho não era exatamente o que eu queria, pois preferia trabalhar na área técnica. Ele, então, indicou-me para a Microservice, também de Criciúma, onde fiz uma entrevista e comecei a estagiar no departamento de assistência técnica. O forte desta empresa era manutenção de computadores, terminais e impressoras.

Nesta época eu não sabia praticamente nada de hardware e eletrônica: nunca tinha feito um backup ou trocado um HD. Lá aprendi a fazer manutenção de computadores e consertar placas eletrônicas de terminais.

No início eu trabalhava somente dentro do laboratório de manutenção e, pouco tempo depois, cerca de um mês, comecei a visitar os clientes com um dos proprietários da empresa, e a executar alguns serviços de assistência técnica em campo. Depois das primeiras visitas acompanhado, passei a atender os clientes sozinho.

Em uma das muitas viagens programadas, recebi um desafio: partir de Criciúma às 10 da manhã, atender um cliente em Imbituba, um em Tubarão e outro em Araranguá e estar de volta até as 4 da tarde. Mas algo inesperado aconteceu: fui multado pela polícia rodoviária estadual em Morro da Fumaça, a 143 km por hora, pois estava, na ânsia de cumprir a missão recebida,

Tentei resolver a situação sozinho, e acabei por não contar ao meu chefe sobre o ocorrido. Infelizmente não consegui resolver e, assim, quando a multa chegou, pelo correio, na empresa, fui chamado para uma conversa. Meu chefe não ficou nada satisfeito, pois esta já era minha segunda multa, e fui informado que não atenderia mais clientes externos: ficaria trabalhando apenas no laboratório.

Considerei uma injustiça, pois as multas por excesso de velocidade estavam relacionadas ao meu empenho no cumprimento das funções. Isto fez com que eu pedisse o encerramento do estágio, que durou cerca de seis meses.


Quando decidi sair da Microservice, falei com outro amigo, que havia trabalhado como técnico na Hardmax, empresa de assistência técnica localizada em Tubarão-SC. Nesta época, os sócios da empresa haviam acabado de se separar e a equipe de técnicos havia ficado com o sócio que abriu outra empresa. Desta forma, a Hardmax estava realizando novas contratações.

Procurei o proprietário, que confirmou precisar de novos membros na equipe. Fiz um teste e me saí super bem. Iniciei como técnico, e viajava bastante.

Era uma equipe nova, mas muito competente. Eu estava na faculdade e gostava bastante do que fazia. Além da parte de manutenção de computadores, tive o primeiro contato com redes de computadores e, quando o líder da equipe técnica saiu da empresa e era necessário alguém que se responsabilizasse pela função, assumi a execução dos trabalhos com redes.

Conheci muitas empresas, uma delas foi a Tranzape que, anos depois, veio a se tornar o primeiro cliente da Tecmedia.

Em 1996, a Hardmax firmou uma parceria com o provedor de internet Matrix, e ficou responsável pela instalação de acessos à internet em residências e empresas, sendo a pioneira na instalação de internet comercial em Tubarão e região. Foi também o meu primeiro contato com internet. Naquele período fiz algumas experimentações com o desenvolvimento de sites.

Na época, muitos clientes nos consideravam uma das melhores equipes de assistência técnica de informática da região. Este status fez com esperássemos que o reconhecimento refletisse nos salários que recebíamos. Como não aconteceu, decidi, juntamente com 3 outros colegas, pedir demissão da empresa.

Naquele tempo, eu tinha outra namorada, e o irmão dela, trabalhava com programação e internet, em casa. Ele, eu e outro colega, em uma das muitas conversas sobre possibilidades de empreender, pensamos em criar um 0800 para oferecer uma central de atendimento a usuários de computadores para a solução de problemas e dúvidas. Chegamos a pesquisar o valor do investimento, mas como o montante era bastante elevado, desistimos da ideia.

Algumas semanas depois, desta vez somente eu e o Bial, após muitas conversas, resolvemos fundar a Tecmedia. A empresa nasceu em 02 de fevereiro de 1997, a Tecmedia Internet Design Ltda., uma sociedade com o amigo e, na época, cunhado Bial. Chegar a este nome para a empresa também não foi fácil, mas depois de várias ideias, o nome escolhido é um misto de tecnologia e mídia (mídia digital).

Sempre fui inquieto e isso não foi diferente nos empregos anteriores. Era dedicado e acabava fazendo tudo o que era proposto, e ficava na ânsia de fazer mais. Por esta razão aprendi muito, mas isto também contribuiu para que meu histórico de empregos seja de pouca duração: às vezes, por causa de salário – por ser dedicado, criava a expectativa de ganhar mais. Quando não acontecia, normalmente me demitia para procurar novas oportunidades de evolução.

Em outras, por causa das atividades: gosto de desafios e procedimentos repetitivos me fazem perder o interesse.

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