Um pouco antes de encerramos a sociedade, a Tecmedia começou a contar com a ajuda de dois estagiários. Os dois eram meus primos.
Os estagiários
O primeiro foi o Erlon (in memoriam) e o segundo, o Ricardo.
O início do Erlon foi bem pitoresco. Um dia ele foi no escritório e levou seu computador para eu consertar algo, que já não lembro mais o que era. Quando mostrei os códigos e softwares que eu utilizava para criar os sites, ele ficou encantado e decidiu, na mesma hora, trabalhar comigo: nem levou o computador de volta pra casa.
Consegui mais uma mesa, uma cadeira e ele foi alocado na pequena sala de 30 m². Deste dia em diante, fui transferindo o conhecimento que eu havia adquirido para ele. Detalhe: não tínhamos dinheiro para pagar salário, então, ele trabalhava apenas pelo conhecimento. Nestas condições foi contratado o primeiro estagiário, eu e o Bial começamos a ensinar, e o Erlon a ajudar a desenvolver, cadastrar e tratar imagens.
Já com o Ricardo a história foi um pouco diferente. Na verdade, o pai dele é meu primo.
Em uma conversa durante uma reunião de família, tocamos no assunto da empresa o pai do Ricardo perguntou se eu não estava precisando de mais um estagiário para trabalhar comigo. Como de hábito, fui sincero e disse que as coisas não estavam muito boas e que não teria condições de pagar uma pessoa.
Ele disse não haver problema, pois o objetivo era que o Ricardo adquirisse conhecimento e entrasse no mercado de trabalho.
Chamei o Ricardo, mostrei o serviço e ele também ficou bastante interessado no que fazíamos.
Como não podia ser diferente, ele trouxe o computador de casa e conseguimos mais uma mesa e cadeira. Ficamos os três debruçados sobre o FrontPage, e a Tecmedia já possuía três colaboradores!
Entre algumas idas e vindas, o Ricardo foi responsável pelo departamento técnico na Tecmedia, mas já não faz mais parte do quadro de colaboradores.
O início como professor
Um pouco antes deste período começou minha primeira experiência na docência: passei a fazer parte do quadro de professores do SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, o que veio ajudar não apenas na minha experiência pessoal, mas nas contas da empresa também.
Antes, nunca havia passado pela minhas pretensões, ser professor. Eu tinha muita dificuldade em falar para o público. Mas, através da indicação de um outro grande amigo – o Moacir Nunes – resolvi encarar esse desafio.
Confesso que quase desisti nos primeiros meses, devido a resistência que encontrei na hora de ‘encarar’ os alunos. Eu era extremamente inseguro, por isso, no início, o relacionamento com a turma foi cheio de conflitos.
Depois de algum tempo, me acalmei, e consegui entrar no ritmo e superei minhas limitações. O resultado? Lecionei durante mais de 18 anos, disciplinas de Programação para Web, Análise de Sistemas, Comércio Eletrônico, Automação de Processos, e orientei mais de 30 trabalhos de conclusão de curso, passando pelas instituições SENAC, SENAI e Unisul.
O Mukirana e o projeto Planeta Sul
Em uma conversa com outro amigo – Clovis William – mais conhecido como Mukirana, surgiu a ideia montar um portal de informações e e-commerce, que era uma novidade consolidando-se em tendência no Brasil. Registramos o domínio, começamos a desenvolver o site e visitar empresas para vender a ideia.
As primeiras visitadas foram a Casa Nandi e o Lojão Vitória, que compraram a ideia imediatamente. Mas a adesão também não foi como imaginávamos, e acabamos por desfazer a parceria.
Era uma ideia extremamente inovadora, principalmente para a região, pois foi um período em que havia apenas os grandes players, como UOL, AOL e ZAZ, hoje portal Terra.
Poucos dias antes de eu escrever este post, fui surpreendido com a notícia da morte precoce do amigo Mukirana. Momento triste… https://www.nsctotal.com.br/noticias/corpo-encontrado-em-laguna-e-de-jornalista-mukirana-de-tubarao
A grande oportunidade
No meio de tantas contas, um belo dia, recebi um telefonema de um amigo da faculdade – o Juliano Morona – dizendo que sabia de uma vaga em uma grande empresa na região, que estava recrutando um profissional para cuidar da internet. Esta era, basicamente, a descrição da vaga.
Essa empresa era Eliane Revestimentos Cerâmicos, de Cocal do Sul, a maior empresa cerâmica do Brasil, e a quinta maior do mundo. O meu amigo, sabendo das minhas dificuldades, sugeriu que eu entrasse em contato para obter mais informações e, quem sabe, concorrer à vaga.
Pensei um pouco e vi que poderia ser uma grande oportunidade. Decidi ir atrás para ver do que se tratava. Revisei meu currículo, colocando tudo que eu havia feito na Tecmedia durante aquele período de 1 ano e meio: servidores web, Html, Javascript, FrontPage, VDO vídeo, Flash, PWS, PhotoShop, Corel, Gif Animator, E-mail, FTP, Hospedagem, Delphi e outras coisinhas.
Como o meu fusca estava pifado, tive que pedir um carro emprestado para ir de Tubarão até Cocal do Sul para entregar o meu currículo. Minha tia Mariquinha, Maria Pickler Cachoeira, apoiadora incondicional da minha carreira profissional, não só emprestou o carro como foi junto comigo até à Eliane.
Chegando lá, procurei o departamento de RH, falei com o responsável e disse a ele que eu gostaria de entregar o meu currículo para a vaga do profissional de internet que eles divulgaram. Para minha decepção, fui informado que a vaga já havia sido preenchida. Mesmo assim, ele sugeriu que eu deixasse o currículo para uma outra oportunidade. Como não tinha nada a perder, foi o que eu fiz.
Para minha surpresa, ao chegar de volta a Tubarão, o estagiário Erlon disse que tinham acabado de ligar da Eliane Revestimentos Cerâmicos querendo falar comigo. Retornei a ligação e fui informado que o gerente de TI da empresa olhou o meu currículo e gostaria de conversar pessoalmente comigo.
Marcamos um dia e fui até à Eliane novamente, e lá conversei com o Júlio Feldmann, na época gerente de TI da empresa. Ele explicou que a vaga tinha sido uma solicitação do diretor presidente da empresa, Sr. Adriano Lima, e que seria uma função estratégica direcionada para internet.
Falei da minha experiência, razoável para época, comentei sobre as dificuldades em manter a Tecmedia e, no final do papo, acordamos que eu começaria a trabalhar em período integral na Eliane Revestimentos Cerâmicos. Entretanto, pedi um prazo para acertar os detalhes relacionados à minha empresa.
Detalhe: fiquei sabendo, depois, que haviam 31 currículos de profissionais concorrendo à vaga, do Brasil inteiro. 🙂
Depois de 5 dias recebi novo contato da Eliane, agora através do Sr. Leonardo Siebert, gerente do departamento de marketing. Fui novamente até Cocal, conversamos e houve mudança de planos: acertamos que eu iria trabalhar no departamento dele, ao invés da TI, como combinado inicialmente, e que faríamos o período de experiência através da Tecmedia. Em outras palavras, eu trabalharia em tempo integral na Eliane, mas continuaria mantendo a empresa para emissão de nota fiscal de prestação de serviços. Após 2 semanas, comecei a trabalhar lá. Este foi um divisor de águas, tanto para Tecmedia quanto para minha vida.
Fui novamente até Cocal, conversamos e houve mudança de planos: acertamos que eu iria trabalhar no departamento dele, ao invés da TI, como combinado inicialmente, e que faríamos o período de experiência através da Tecmedia. Em outras palavras, eu trabalharia em tempo integral na Eliane, mas continuaria mantendo a empresa para emissão de nota fiscal de prestação de serviços. Após 2 semanas, comecei a trabalhar lá. Este foi um divisor de águas, tanto para Tecmedia quanto para minha vida.
As coisas não estavam boas até este momento, as finanças não iam bem, e há mais ou menos seis meses só estávamos eu e o Erlon na Tecmedia.
Neste período, na Eliane, minha função não estava bem definida: fui alocado temporariamente em uma sala, junto com um designer de produtos, e o objetivo era “cuidar da internet”. Por iniciativa própria comecei a fazer levantamentos sobre a presença digital da empresa, que tinha um site e uma intranet. Alguns dias depois do início na empresa, fui informado que a Eliane havia contratado uma empresa para desenvolver o site. Assim, minha primeira função definida foi acompanhar o desenvolvimento do site.
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2003 (Parte 1): Um sócio e uma filial em Criciúma! - EP. #016
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