O professor pode empreender várias áreas: sua própria vida, sua carreira, sua atuação na escola, por exemplo.
Para auxiliar qualquer professor, de maneira geral, optamos por falar dos primeiros passos para empreender a atuação na escola. Para isso, adotamos os princípios do empreendedorismo:
1- Busca de oportunidade e iniciativa – a atuação em sala de aula traz oportunidades diárias para empreender. Como o professor já tem definido seu campo e área de trabalho, basta avaliar seu próprio campo de trabalho e, por meio de iniciativa, empreender. O primeiro passo, então, é o mais simples.
2. Correr riscos calculados – ao decidir ter iniciativa, não é possível fazer qualquer coisa que venha à cabeça: é necessário pensar a respeito das consequências de nossas atitudes. Nossas ações implicam em riscos e, por esta razão, é preciso traçar objetivos e planos para alcançá-los. De maneira prática, é fundamental decidir primeiro onde se quer chegar para poder escolher o caminho a ser trilhado. Quando nos referimos às aulas e conteúdos, precisamos pensar o que o aluno deverá ser capaz de fazer dentro de um período de tempo preestabelecido, e planejar, se possível o dia a dia das aulas para que o objetivo seja atingido. Outros campos também podem ser empreendidos, como o comportamento ou o comprometimento de determinado aluno ou de todos: estabelecer a meta e planejar como atingi-la.
3. Exigência de qualidade e eficiência – esta exigência deve ocorrer não apenas em relação a outros, mas a nós mesmos. Devemos ter empenho para que aquilo que produzimos tenha tanta qualidade quanto o que queremos para nós. Em relação à qualidade e eficiência do que os alunos produzem, há métodos de auxílio e motivação que podem ser utilizados. Sistemas de recompensa, como a divulgação das melhores performances podem ajudar a estimular os alunos. Contudo, é importante que todos ganhem e sejam elogiados quando atingirem os objetivos e acertarem; mas, ao invés de serem criticados quando errarem, devem ser estimulados: é preciso dizer aos alunos que o professor sabe que ele pode fazer melhor, que confia em seu trabalho e que espera que ele realize os próximos trabalhos de acordo com sua capacidade.
4. Persistência – em muitos casos, os planejamentos não funcionarão conforme pensados. A resposta dos alunos é diferente de uma turma para outra; as aulas planejadas para 45 minutos podem durar menos de 30 em uma turma e mais de 60 em outra, por razões diversas. Neste caso, é preciso persistir, mas também adequar planos e atividades, quando necessário. Também é importante planejar um curinga (3).
5. Comprometimento – também é necessário comprometer-se com os objetivos traçados, com a qualidade e a eficiência. Para um professor graduado em sua área de atuação, pode parecer simples dar aulas (4). Mas é preciso muito mais que saber o conteúdo e como ensinar: é indispensável traçar o perfil da turma para poder escolher estratégias de ensino; também é fundamental descobrir qual a zona proximal dos alunos para que o ofício de ensino seja simplificado tanto para o docente quanto para os discentes. Este assunto será abordado com mais profundidade em outros textos.
6. Busca de informações – a busca de informações precisa ser direcionada para auxiliar a atingir os objetivos. Para o ofício de professor, compreender a realidade de alguns alunos pode ser imprescindível. Casos em que há problemas familiares refletem no comportamento dos alunos na escola, em seu comprometimento com os estudos e até mesmo em sua conduta moral. Muitas vezes, os alunos precisam apenas de um pouco mais de atenção, um pouco menos de críticas, do incentivo que não recebe em casa. também precisamos criar laços próprios e evitar traçar perfis de alunos para colegas: o comportamento de um aluno em nossa classe será diferente do que ocorreu na anterior, mas vai depender do modo como o professor conduz a aula. Outra busca importante de informações diz respeito ao que os alunos gostam: utilizar seus gostos musicais, aproveitar o vocabulário, jogos, brinquedos e redes sociais aproximam professores de alunos e ainda podem ser facilitadores, como métodos de ensino (5).
7. Estabelecimento de metas – Estabelecer metas metas é importante em qualquer área: em nossas vidas, para nossos lares, família, carreira e, também, para o fazer docente. Ao exercer a atividade de ensinar, precisamos trabalhar sob preceitos da hierarquia legal – Lei de Diretrizes e Bases; Diretrizes Curriculares Nacionais; Plano Nacional de Educação; diretrizes de cada estado para a educação; e, no caso dos municípios, ainda os Planos Municipais; Projeto Político Pedagógico da Escola; Planejamento (anual, em alguns casos, semestrais, trimestrais e bimestrais em outros) de Ensino; e só depois os Planos de aula. O estabelecimento de metas é importante devido a heterogeneidade dos alunos, pela diferença de zona proximal que apresentam, pelo interesse que mostram, pela dedicação aos estudos, por dificuldades cognitivas, e tantas outras razões. Ao estabelecer metas, procuraremos caminhos para alcançá-las e, desta forma, as possibilidades de êxito aumentam. Conforme mencionado no item 2, precisamos pensar o que o aluno deverá ser capaz de fazer dentro de um período de tempo preestabelecido para planejar o mais pormenorizadamente possível as nossas aulas.
8. Planejamento e monitoramento sistemático – Depois de definir metas (o que queremos, o que os alunos serão capazes de realizar) precisamos planejar (como) o tempo e as aulas de modo a atingir as metas. Mas também é preciso monitorar, verificar se o caminho percorrido está levando para a meta e, se for necessário, fazer ajustes nos e, em alguns casos, até mesmo nas metas. utilizar outra abordagem ou um método diferente pode ajudar a atingir as metas. Um professor experiente deve estar imaginando o trabalho que estas atitudes demandam, mas podemos afirmar, por experiência em sala de aula, que o tempo gasto vale a pena e tende a ser menor na medida em que nos habituamos a estas atitudes. Ainda, ao trabalhar em equipe, os planos podem ser compartilhados, o trabalho dividido e o êxito multiplicado.
9. Persuasão e rede de contatos – Um dos maiores problemas que temos constatado, nas redes de ensino público, é a visão que os profissionais têm de sua classe: conforme já mencionamos em outros textos, os professores se veem como concorrentes, e não como colegas de profissão. Isto enfraquece a classe e não ajuda no cotidiano docente. Quando conseguirmos agir como colegas de profissão, poderemos ajudar uns aos outros, fortalecendo a classe docente, como ocorre com outras classes profissionais. Inúmeros professores criam e aplicam práticas docentes eficazes e inovadores que, se fossem compartilhadas, facilitariam a vida de outros docentes e contribuiriam para os alunos, de maneira geral. As redes de contatos devem ser fomentadas e utilizadas em prol do trabalho.
10. Independência e autoconfiança – O fazer docente, embora guiado pela legislação e outra série de documentos conforme mencionado antes, no item 7, guarda certa autonomia dentro da sala de aula. Esta independência/autonomia traz uma imensa responsabilidade. Por esta razão, a organização e o empreendedorismo das aulas auxiliarão na autoconfiança, multiplicando a possibilidade de êxito.
Também é pertinente lembrar das Premissas do Ensino Eficaz do Empreendedorismo ao empreender o fazer docente: Não há regras rígidas – você tem autonomia na sala de aula; Não existe um modelo único de ensino – você pode inovar sempre; Não existe fórmula mágica que leve ao sucesso – nem atalhos; Empreender não pode ser imperativo – mandar já não é eficaz: é preciso fazer com que os alunos sejam instigados, que vejam sentido e aplicabilidade no que aprendem; O foco deve ser nas pessoas (equipe), e não apenas no empreendedor individual – foco em toda a turma que, ao atingir os índices esperados de realização e aprovação, automaticamente serão a propaganda da sua carreira (CACHOEIRA, 2016).
- Empreender não é sinônimo de ser empresário – professor também empreende suas aulas e sua carreira;
- Empreender não é sinônimo de (apenas) ganhar dinheiro – realização pessoal e daqueles com quem interagimos também são excelentes recompensas, e que podem refletir financeiramente;
- O modelo tradicional de ensino (centrado no professor) nem sempre é eficaz – se instigamos os alunos, os resultados são mais rápidos e melhores;
- O modelo centrado no aluno, no aprender fazendo, é o que mais traz resultados – sempre.
A Proposta Curricular do Estado de Santa Catrina é centrada na Teoria Histórico-Cultural, que pede a problematização dos conteúdos.
Poder não é sinônimo de sucesso – e o poder em sala de aula também não é sinônimo de eficiência no ensino.
Autores:
Elita de Medeiros (1)
Eder Cachoeira (2)
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REFERÊNCIAS
- Revisora e tradutora das Línguas Portuguesa, Inglesa e Espanhola na UNISUL. Especialista em LIBRAS pela UNIASSELVI.
- Empresário na Tecmedia, Professor e empreendedor, Especialista em Redes pela UNISUL.
- Chamamos de curinga aquelas atividades que se encaixam em diversos assuntos, como os temas transversais que podem ser utilizados nos casos em que o tempo de execução seja inferior ao de planejamento.
- Não concordamos com esta expressão: não se dá aula, ministra-se, ensina-se, educa-se, mas não se dá nada. É um trabalho trocado por dinheiro.
- É importante compreender a diferença entre método e metodologia, que não são sinônimos. Neste texto, o primeiro refere-se aos instrumentos utilizados para ensinar, como um livro ou um jogo – a palavra vem do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Cada área possui uma metodologia própria. A metodologia de ensino é a aplicação de diferentes métodos no processo ensino-aprendizagem (Significados.com).
CACHOEIRA, E. Empreendedorismo para professores. 2016. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/edercachoeira1/palestra-sobre-empreendedorismo-para-professores-58378823>. Acesso em 19 fev. 2016.
SIGNIFICADO de metodologia. Significados.com. Disponível em: <http://www.significados.com.br/metodologia/>. Acesso em: 21 fev. 2016.
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